Formada em Direito, Tatiana Fioratti liderou departamentos jurídicos em empresas do setor de petróleo, energias renováveis e tecnologia. Nos últimos anos, vem recebendo convites de parceiros importantes para atuar no desenvolvimento de negócios de base inovadora.
Tatiana Fioratti é, hoje, co-fundadora do Apoema Hub, gestora de capital intelectual de excelência. O Apoema nasceu com a proposta de aportar capacidade especializada em startups, fazendo inserções cirúrgicas naquilo que é necessário para seu desenvolvimento e para atração de capital.
Por que você decidiu trocar o mundo corporativo pelo mundo incerto, instável e volátil dos investimentos?
Tatiana – Este não foi um movimento fácil. E já ouvi críticas de várias naturezas: desde ‘doida!’, até ‘que coragem!’. Tem um quadrinho legal que eu gosto muito, que ilustra bem esta decisão: um passarinho na gaiola olha para o passarinho fora da gaiola e diz: ‘deve ser linda esta liberdade’, ao que o passarinho fora da gaiola responde, ‘é, mas alpiste todo dia colocado no prato deve ser maravilhoso’. Não existe felicidade plena, tem aquilo que te instiga, te movimenta, desafia.
Aos 44 anos e 25 de carreira jurídica entre escritórios e empresas, decidi que estava na hora da segunda parte da minha vida ser dedicada ao passarinho livre…(risos). Mas foi um movimento feito ao lado de pessoas incríveis. Já era fã do Erik Oioli, um dos sócios do Apoema, um cara supergeneroso, compartilha conhecimento e ferramentas sempre com sorriso no rosto.
Além dele recebi o mesmo tratamento dos demais integrantes nesta formação inicial do Apoema. Ao time de parceiros se juntou o VBSO Advogados, escritório especializado em mercado de capitais, societário, tributário e agronegócio. Em seguida, Ronaldo Ramos, presidente da CCBC e Founder do CEOLab, uma casa de desenvolvimento de executivos, acionistas e conselheiros. Temos também o Tercio Konig, nosso “mãos de tesoura” do Excel e projetista financeiro; o Paulo Blaser, consultor de negócios, além de alguns parceiros importantes como Mansur Murad, propriedade intelectual, Wagner Ribeiro, design thinking e ágil, Leonardo Borges, tecnologia e advisor do próprio Apoema, a Fuse boutique de venture capital, que nos apoia na seleção de projetos e a BRZ Content, na comunicação e estratégias de marketing. Em 2022 vamos estruturar um Fundo para investimentos em startups junto com gestoras parceiras, projeto já em construção.
A linguagem atual é dinâmica, multidisciplinar e multidirecional. Creio que o ambiente corporativo (generalizações a parte) ainda sofre na busca por mudanças de um pensamento mais linear, seja vertical, ou horizontal. Metodologias de planejamento e execução corporativa guiadas por controles engessados e políticas bidirecionais também já não funcionam. Este novo ambiente onde me inseri está me ensinando muito e acredito que podemos com esta experiência muito em breve ajudar na transição até de empresas mais maduras. Mas é difícil acordar um gigante, por isso vim beber na fonte.
Foi neste meio tempo que passei a aprofundar alternativas com o Erik Oioli e passamos a sonhar em como criar oportunidades e empreender, criando valor para empresas nascentes a partir do que temos de melhor: talento para questionar o status quo, senso crítico, networking, além dos skills profissionais, no meu caso capacidade de gestão em ambientes complexos e habilidade de negociação, no caso do Erik, além de ser hoje o CEO do VBSO Advogados, e um investidor anjo experiente, contribuir com um profundo conhecimento técnico em estruturação de venture capital, teses de investimentos, e estruturações de negócios em geral.
Como você acha que pode contribuir para o desenvolvimento de empresas de base tecnológica?
Tatiana – Esta pergunta é muito boa. A gente fica com a sensação de que uma startup tem que ter base tecnológica, mas o conceito de startup pode estar ligado puramente ao estágio de maturação de uma empresa. De qualquer forma, não pensar em tecnologia em um novo negócio, é pensar curto e projetar a cova. Não há mais sustentabilidade ou escalabilidade sem tecnologia.
Outro lugar comum é associar a startup à inovação. Não é um “must”, mas por que uma startup está tão intimamente ligada ao conceito de inovação? As chances de sobrevivência estão em ambientes pouco ou mal explorados, com retornos mais rápidos e potencialmente escalonáveis. Mas a verdade é que quanto mais base tecnológica inovadora sua startup propuser, mais cara no desenvolvimento de tecnologia ela será. O Venture Capital já está buscando soluções que não demandam inovação tecnológica, mas uma revisitação de solução já existente para resolver velhas dores, por exemplo.
E como podemos ajudar? Apoiando exatamente este raciocínio, o simples, mas eficaz, o atalho apoiado em bases sustentáveis do modelo de negócio. Justamente porque já vivemos ambientes mais maduros e complexos, aprendemos por vezes o mais eficaz através de orçamentos mais pujantes. Temos que encontrar o equilíbrio entre erros e acertos, entre o sofisticado e o MVP. Não tem bola de cristal gente. Tem suor e sinapses!! (risos)
Quanto mais pivotagem um produto tiver, mais tempo e dinheiro vai levar. No entanto, sair antes do tempo com um produto inacabado pode ser fatal. É por isso que a gente entrega tempo no Apoema.
Além disto, ajudamos as startups a fugirem das caixinhas para melhorar a atração de investimento: o venture capital por exemplo criou definições financeiras onde a empresa tem que se encaixar (e não o contrário). Seed, pre-seed, series, private placemente, IPO – métricas financeiras para cada uma destas etapas. E ponto. Às vezes precisamos de uma venture builder para construir outras pontes: uma parceria estratégica, um M&A ou até mesmo estruturar o crescimento orgânico por um tempo para melhorar valuation. Entregar equity é caro, gente, melhor fazer isto com apoio!
E de onde surgiu a certeza de que capital intelectual de excelência era o caminho para o Apoema Hub?
Tatiana – Nosso networking é extenso, temos experiência em gestão e visão para identificar necessidades, atalhos e modelos mais eficientes. Acesso a este tipo de apoio é caro. Foi aí que pensamos que o Apoema precisava oferecer serviço através de um hub, porém alinhado ao risco do negócio, aportando capital intelectual em troca de equity. Uma espécie de ServicesasaCapital, invertendo o CapitalasaService. Levamos a startup ao próximo nível de maturidade. Esta é a nossa proposta de valor.
Como vocês pretendem formar a rede de parceiros de excelência para o Apoema Hub? Qual é o pensamento que norteia este projeto?
Tatiana – Temos um extenso network formado de profissionais e empresas altamente capacitadas em diversas áreas de expertise. Aos poucos estamos apresentando o Apoema para este network e buscando conexões. O próprio VBSO Advogados, nosso principal parceiro, é vetor nestas aproximações.
O legal é que este modelo de Hub permite muita formatação. Estamos começando agora, mas queremos ser bem “Lego” mesmo, sabe? Um dia você é minha startup, no outro vira um parceiro do Hub investindo.
Outra coisa que está acontecendo, é o profissional do corporativo procurando a gente para investir em nossos projetos. Pessoas que perceberam que, ao invés de investir capital, trabalham hora extra colocando serviço aqui no Hub apostando na maturação e crescimento econômico-financeiro da startup. Para 2022 nosso objetivo é explorar mais este modelo também.
Uma resposta
Acredito que o caminho mais sensato para o potencial de investimentos de pessoas que não entram no mercado financeiro, por medo ou desconhecimento, é justamente esse, elas querem investir em algo concreto, pois, investir em algo que não se conhece todo o seu funcionamento, é muito incerto, e o mercado de ações é, sem dúvidas, muito complexo para um grupo de pessoas o conhecerem à fundo. No caso das Startups é bem mais diferente. Investir nesse mercado não é contar totalmente com a sorte, por mais que os riscos sejam maiores, entramos sabendo, ou pelo menos tentando saber onde estamos entrando e vejo a APOEMA HUB, como uma ferramenta muito importante para traduzir tudo isso para o investidor.